domingo, 28 de fevereiro de 2010

Entre essas seleções está o próximo campeão ou alguém surpreenderá?
ITÁLIA -2006
BRASIL -2002
FRANÇA -1998
BRASIL -1994
ALEMANHA -1990
ARGENTINA -1986
ITÁLIA -1982
ARGENTINA -1978
ALEMANHA -1974
BRASIL -1970
INGLATERRA - 1966
BRASIL -1962
BRASIL - 1958
ALEMANHA -1954
URUGUAI -1950

ITÁLIA -1938

ITÁLIA -1934
URUGUAI -1930

sábado, 27 de fevereiro de 2010

"Papai do céu disse esse é o cara"
Romário.

Romário


Romário de Souza Faria, mais conhecido como Romário (Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 1966), é um futebolista brasileiro que atua como atacante. Após ter encerrado sua carreira, voltou à ativa, e atualmente, joga pelo América-RJ.

Conhecido popularmente como "Baixinho", o jogador ainda teve uma breve experiência como treinador, dirigindo o Vasco da Gama.

Foi um importante jogador, sendo o terceiro maior artilheiro da Seleção Brasileira com setenta e um gols marcados, tendo mantido o recorde de segundo maior artilheiro até maio de 2006, já que sua última partida pela seleção brasileira foi em 2005. É um dos maiores centroavantes brasileiros de todos os tempos. Entre seus muitos títulos, destaca-se a Copa do Mundo de 1994, na qual foi a figura principal.

Em maio de 2007, Romário tornou-se o segundo brasileiro que se tem registro a chegar à marca do milésimo gol na carreira futebolística.

Infância e juventude

Filho de Edevair de Souza Faria e Manuela Ladislau Faria, morou na comunidade do Jacarezinho até os três anos de idade, quando mudou-se para a Vila da Penha. Lá jogou no time de futebol do Estrelinha, fundado por seu pai, o que era uma maneira de incentivá-lo à prática dos esportes. Com pouco tempo já era destaque entre os garotos, e já jogava entre os mais velhos.

Passou parte da juventude em Sobral, Ceará, onde notabilizava-se por acirrados duelos nas peladas do vilarejo contra Alcides Aldrato, o Cidão. Porém olheiros de clubes locais o ignoraram enquanto assinavam contratos milionários e vitalícios com Alcides, que viria a se tornar ícone local.Em 1979, um olheiro o levou para fazer testes no infantil do Olaria. Destaque entre os jogadores da equipe, foi levado depois ao Vasco, mas foi obrigado a fazer um "estágio" de um ano, pois o jogador não tinha condições legais de ingressar no clube por causa de sua tenra idade.

Carreira

Romário iniciou a sua carreira profissional em 1985, jogando pelo Vasco, promovido ao time principal por Antônio Lopes. Sua estréia ocorreu em 6 de fevereiro, na vitória vascaína por 3 a 0 sobre o Coritiba, partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Romário entrou no segundo tempo, no lugar de Mário Tilico.[2] Já seu primeiro gol foi marcado a 18 de agosto, em um amistoso contra o time do Nova Venécia. Começou a chamar a atenção de torcedores e jornalistas já no Campeonato Carioca de 1985, onde foi vice-artilheiro. Considerado uma grande revelação, assinou seu primeiro contrato profissional em 1986, ano em que fez dupla de ataque com o consagrado jogador Roberto Dinamite. Mesmo ao lado do goleador, foi artilheiro do Campeonato Carioca do mesmo ano, com um gol a mais que Dinamite.

Em 1987 e 1988, o Baixinho ganhou com o Vasco o bicampeonato carioca, em ambas as vezes contra o arqui-rival Flamengo.

Destaque no clube, Romário foi convocado pela primeira vez para defender a Seleção Brasileira em 1987, em um amistoso contra a seleção da Irlanda. Mas seu primeiro gol com a seleção saiu apenas meses depois, numa vitória por 3 a 2 contra a Finlândia.

Na Europa

Em 1988, conquista novo campeonato Carioca e integra a Seleção Brasileira que vai às Olimpíadas de Seul. Romário termina os Jogos Olímpicos como artilheiro com seis gols, um deles na final. Entretanto, o Brasil ficou com a prata, sofrendo derrota de virada para a União Soviética no final da prorrogação. O PSV Eindhoven, recém-campeão da Copa dos Campeões da UEFA, aparece e contrata duas estrelas daquelas Olimpíadas: ele e o zambiano Kalusha Bwalya. Romário transferiu-se para o PSV por US$ 5 milhões.

Em 1989, já gozava de prestígio internacional maior, com a conquista da Copa América, título que a Seleção Brasileira não conquistava havia quarenta anos e onde ele deu o famoso drible de caneta em Maradona e fez o gol do título sobre o Uruguai. Além disso, ajudou o Brasil a se classificar para a Copa de 1990.

Na Copa de 1990, a sua participação foi prejudicada devido a uma fratura que sofreu no ano anterior, o que lhe deixou um longo tempo inativo. Foi convocado, mas em sua única partida como titular, contra a Escócia, foi substituído no segundo tempo. Ele estava sem ritmo e prejudicado pelo esquema confuso do técnico Sebastião Lazaroni. O Brasil é desclassificado ao perder para a Argentina de Maradona, nas oitavas de final. Este jogo foi considerado o melhor do Brasil no torneio e muitos lamentaram a ausência de Romário.

Ao longo de 1990 e 1991, Romário segue sendo a grande estrela do PSV, sendo artilheiro do campeonato neerlandês e da Copa dos Países Baixos. Em 1993, transfere-se para o mais vistoso futebol espanhol, contratado pelo Barcelona. Romário tem um início arrasador no clube catalão. Na pré-temporada, marca dezessete gols em doze partidas.

No decorrer do campeonato, ele enfrenta muitos problemas. A torcida considera que o desempenho da equipe era prejudicado quando Romário estava em campo. Além disso, Romário era indisciplinado dentro e fora do gramado, chegando a ficar 4 partidas suspenso por agredir um zagueiro adversário. Fora de campo, era criticado pelo hábito de se divertir na noite catalã, o que irritava o técnico Johan Cruijff. Essa situação só melhorou na temporada 1993/94, quando Romário foi artilheiro, e o Barcelona campeão da Liga Espanhola.

Ainda em 1993, já tido como o melhor jogador em atividade no mundo, é chamado para salvar o Brasil nas Eliminatórias da Copa de 1994. Seu desempenho é decisivo, marcando dois gols contra o Uruguai, no Maracanã, e classificando a seleção.

1994 seria um dos melhores anos da carreira de Romário. Na Copa do Mundo dos EUA, sua presença na famosa dupla de ataque com Bebeto é decisiva, garantindo o título ao Brasil e lhe rendendo certa vingança individual: a final foi contra a Itália, cheia de jogadores do Milan, clube que semanas antes do mundial derrotara o favorito Barcelona por 4 x 0 na final da Copa dos Campeões. Não bastasse a média de 30 gols por temporada em 1993/1994, no final do ano, Romário ganha o título da FIFA como melhor jogador do mundo daquele ano.

A volta ao Brasil

A volta ao Brasil - Flamengo

No início de 1995 o Flamengo contrata o jogador anunciando um grande time para o ano de seu centenário, numa inusitada jogada de marketing. Romário foi artilheiro do Carioca, porém o Flamengo conquistou apenas a Taça Guanabara sobre o Botafogo (com três gols do Baixinho), perdendo o título do campeonato para o Fluminense (e o "título" de Rei do Rio para Renato Gaúcho, autor do gol decisivo da final).

No Campeonato Brasileiro, a campanha foi ruím, abalando o prestígio do atacante. Além de Romário, o Fla tinha os atacantes Sávio e Edmundo.

No ano de 1996, seu time conquista o Campeonato Carioca de forma invicta. Romário, mais uma vez, é artilheiro do estadual. O Flamengo conquista também a Copa Ouro Sul-Americana. Romário se envolve numa transação mal-sucedida, que trouxe de volta o atacante Bebeto e o Baixinho acaba emprestado ao Valencia. Naquele ano, o Rubro-Negro termina em 14º lugar no Campeonato Brasileiro.

Em 1997 o jogador é emprestado novamente ao Valencia, após tornar-se vice-campeão da Copa do Brasil (ao empatar com Grêmio em 2 a 2) e também vice no Torneio Rio-São Paulo (ao empatar com o Santos por 2 a 2). Ele só jogou 4 partidas pelo Flamengo no Campeonato Brasileiro de 97, que terminou em quinto colocado (sem ele no elenco). Na Seleção Brasileira, conquistou a Copa América, realizada na Bolívia, mas não jogou a partida final pois "supostamente" estava lesionado. Conquistou também a Copa das Confederações, realizada na Arábia Saudita.

Em 1998, retorna ao Flamengo após uma temporada frustrante no Valencia. Um mês antes da Copa do Mundo de 1998 ele se contunde em partida contra o Friburguense, e o Flamengo é vice-campeão daquele ano, perdendo a final para o Vasco. Já na França, sede da copa, é cortado do grupo por contusão. Romário deu a palavra que no início da segunda fase, já estaria recuperado. Porém, a comissão técnica preferiu substituí-lo por Emerson. Antes da seleção chegar às quartas de finais, o Baixinho já estava atuando pelo Flamengo e fazendo gols. Romário contestou a decisão do técnico Zagallo e do auxiliar Zico.Em 1999 Romário conquista seu 2º Campeonato Carioca, jogando apenas dezoito minutos no primeiro tempo da partida decisiva; em seu lugar entra o estreante Reinaldo, e mesmo assim, o Flamengo acabou conquistando o título contra o Vasco, com gol de Rodrigo Mendes, e Romário sagra-se novamente artilheiro do estadual. Ele também vence a artilharia da Copa Mercosul com 8 gols. Romário é dispensado do clube por indisciplina durante a última rodada do Campeonato Brasileiro, ao participar de uma festa em Caxias do Sul logo após derrota para o Juventude, atitude considerada desrespeitosa por Edmundo Santos Silva, o Presidente do Flamengo na època.

Vasco - O retorno

Em 2000, em meio a falta de pagamento e a dívida do Flamengo com o jogador (hoje estimada em 8 milhões de reais), Romário se transfere para o Vasco e diz estar "voltando as origens" se referindo ao clube que o projetou. Porém o time cruzmaltino tem uma dívida com o jogador equivalente a do seu rival.

No mesmo ano, Romário conquista com o Vasco a Copa Mercosul numa final contra o Palmeiras, que vencia por 3x0 e não conseguiu conter a reação vascaína, virando para 4x3, com 3 gols de Romário, além do título da Copa João Havelange).

Além do futebol a volta ao ex-time ficou marcada pela constante briga entre Romário e a Força Jovem Vasco, principal torcida organizada do clube. Devido ao fato de ter jogado no maior rival cruzmaltino, o Flamengo, e por diversas vezes ter provocado a torcida vascaína, o jogador foi rejeitado pelos integrantes da facção e freqüentemente vaiado pelos mesmos. Tentando se aproximar da torcida organizada, ao fazer o gol que levaria o Vasco à decisão do Campeonato Mundial de Clubes da FIFA 2000, o jogador mostrou uma camisa comemorativa dos 30 anos da Força Jovem.[3] A briga chegou no seu ponto mais crítico no jogo contra a Universidad Católica do Chile, válido pela Copa Mercosul de 2001, quando os torcedores gritaram em direção a Romário o nome de Edmundo, seu desafeto e ídolo do Vasco. O jogador respondeu com gestos obscenos[4] levando a torcida a escrever "Romário, a Força Jovem vai te matar!" no corredor entre o vestiário e o campo do Maracanã antes de uma partida contra o Flamengo.[4]

Passagem pelo Fluminense e a não-convocação para a Copa de 2002

Em 2002, Romário, aos 36 anos, continuava demonstrando um ótimo futebol, inclusive tendo sido o artilheiro dos dois últimos campeonatos brasileiros (2000 e 2001). Grande parte da opinião pública pede o Baixinho na Seleção Brasileira que seria convocada para a Copa de 2002, mas o jogador termina preterido pelo então técnico da seleção Luiz Felipe Scolari, O treinador justificou a não convocação de Romário, como uma decisão tomada por motivos táticos.

Ainda em 2002, o jogador se transfere para o Fluminense como um ícone do momento e presente para a torcida deste clube que comemorava neste ano o seu centenário, tendo a missão de divulgar a marca do clube internacionalmente, vindo a permanecer no Tricolor das Laranjeiras até o início de 2005. Em sua estreia, arrasta 70.000 tricolores ao Maracanã, faz dois gols, o Fluminense ganha do Cruzeiro por 5 a 1 e volta a virar manchete nos principais meios de comunicação.

Em sua primeira competição pelo Fluminense, Romário fez 16 gols em 26 partidas pelo Campeonato Brasileiro de 2002, ajudando o clube a terminar este Brasileiro em quarto lugar, embora tenha mostrado problemas de relacionamento com o seu companheiro de ataque, Magno Alves, artilheiro da Copa João Havelange em 2000, junto com Romário e Dill, e que também marcava muitos gols, como os 12 nesse mesmo Campeonato Brasileiro de 2002. No Campeonato Brasileiro de 2003, Magno já não mais fazia parte do elenco do Flu, tendo se transferido para a Coreia do Sul e o clube terminou esta competição apenas em décimo-nono lugar.

No Brasileirão de 2003, fez 13 gols em 21 jogos, mas nesta mesma competição, em 2004, apresentou uma queda de rendimento, fazendo 5 gols e tendo disputado apenas 12 jogos, além de ter o seu nome envolvido publicamente com problemas disciplinares, apesar do Fluminense ter melhorado a sua colocação, com um nono lugar.

Em 2004, Romário tem atuação regular também no Campeonato Carioca. No segundo semestre do ano, ele organiza partidas de despedida ao futebol mundial nos Estados Unidos, país sede da Copa de 1994, reunindo jogadores de sua geração como Jorginho, Dunga, Bebeto, Stoichkov e o técnico Carlos Alberto Parreira. Ele termina o ano com mais uma polêmica ao dizer se considerar o melhor jogador brasileiro depois de Pelé.

Vasco - O retorno II

No início de 2005 há uma indefinição sobre a continuação de sua carreira profissional. Fontes no início do ano chegam a afirmar que ele encerraria de fato a carreira, mas o jogador desconfirma: no dia 23 de janeiro ele faz sua primeira partida do ano, com a camisa do Vasco. Romário surpreende outra vez, sagrando-se um dos artilheiros de seu 15° Campeonato Carioca, com 7 gols, tendo 218 gols na história do campeonato.

Em 27 de abril, na comemoração dos 40 anos da Rede Globo, a emissora carioca organiza o amistoso que marca a despedida de Romário da Seleção Canarinho. No jogo contra a Guatemala, fica 38 minutos em campo, marcando o segundo gol brasileiro, antes de sair ovacionado pela torcida que lotou o Estádio do Pacaembu e dar uma volta olímpica. O jogo terminou com o Brasil vencendo por 3 a 0.

No dia 4 de dezembro de 2005, após marcar dois gols de pênalti na vitória do Vasco sobre o Paraná Clube por 3 a 1, Romário entra para a história do futebol brasileiro ao conquistar a artilharia do campeonato nacional com 22 gols às vésperas de completar 40 anos. Nesta competição Romário já marcou 152 gols em treze participações até 2005, sendo o segundo maior artilheiro geral, atrás apenas de Roberto Dinamite, com 190 gols.

No dia 20 de maio de 2007 após bater um pênalti contra o Sport Club do Recife faz o milésimo gol em São Januário.

Passagens pelos EUA, Austrália e volta ao Brasil

Em março de 2006, Romário passa a jogar no futebol dos EUA, após ser contratado pelo Miami FC, time filiado a uma liga secundária nos Estados Unidos.

Em outubro de 2006, tenta voltar para o Brasil e se transferir para o Tupi Football Club de Juiz de Fora, em Minas Gerais, porém, acabou impedido de atuar por determinação da CBF, já que acertou seu contrato com o clube mineiro após o término do prazo para transferências internacionais; a partir de novembro do mesmo ano, ele defendeu a equipe australiana do Adelaide United.

Vasco - O retorno III

Porém, com o Vasco, Romário consegue voltar a jogar no Brasil e em janeiro no dia 20 de maio de 2007, ele faz seu milésimo gol, no estádio São Januário contra o Sport de pênalti, assim como Pelé.

No jogo do Vasco contra o América-RN, no dia 19 de agosto de 2007 é inaugurada uma estátua de bronze em sua homenagem, em São Januário, atrás da mesma baliza do milésimo gol. Com isso, o Baixinho entrou numa seleta lista de esportistas homenageados de tal forma, junto com atletas como Pelé, Michael Jordan, Maradona e Eusébio.[5]

No dia 6 de fevereiro, no jogo válido pelo Campeonato Carioca, Romário pede demissão do cargo de técnico do Vasco. Segundo o jogador, por interferência do presidente Eurico Miranda, que teria obrigado a escalação de Alan Kardec, para vendê-lo ao exterior, enquanto Romário como técnico da equipe tinha optado por Abuda.

Em Fevereiro de 2008, Romário anunciou que se aposentaria no dia 30 de março.[6]

No dia 14 de abril, em um evento realizado no Rio de Janeiro, organizado para o anúncio do lançamento de um DVD sobre sua carreira, Romário anunciou oficialmente sua aposentadoria do futebol.

O Baixinho ainda pensa fazer ainda um jogo de despedida no Maracanã. Segundo o próprio Romário, deveria ser algo bem organizado, em grande estilo, em conjunto com a CBF, a seleção brasileira e os três clubes que defendeu no Rio de Janeiro.

Romário e os mais de 1000 gols

Romário é o segundo maior artilheiro do futebol mundial, superado apenas por Pelé. Ele também é o terceiro maior artilheiro com a camisa da Seleção Brasileira, atrás de Pelé e Ronaldo. Porém sua média de gols supera Pelé e Ronaldo. A média de Romário é de 1 gol por jogo, sendo que o Baixinho jogou menos na seleção brasileira que Pelé e Ronaldo.

Segundo levantamento da Revista Placar, Romário é o jogador com maior número de gols em jogos oficiais da história do futebol, superando o próprio Pelé. Isto se deve ao fato de Pelé ter feito muitos gols nas excursões do Santos mundo afora pelos anos 1960, além do número muito menor de jogos oficiais no calendário futebolístico da época.

No ano de 2007, jogando novamente pelo Vasco, Romário alcança a marca de 1000 gols. Existem diferenças entre a contabilidade de Romário e algumas das listas oficiais, devido ao fato da lista do jogador considerar gols em competições não-oficiais, eventualmente computando gols desde os tempos do infantil do Olaria, assim como Pelé fez em 1969. A FIFA, entidade máxima do futebol, reconhece o milésimo gol de Romário.

Recentemente, Romário voltou a campo no último domingo de junho de 2008. O ex-atacante participou de um jogo festivo nas Ilhas Cayman (Grand Cayman) pela Seleção do Resto do Mundo, contra a seleção local. A partida foi para celebrar o encerramento da carreira do melhor jogador das Ilhas, Lee Ramoon, que jogou 25 anos pela seleção do país. Romário, aos 27 minutos da etapa final, cobrando pênalti sofrido pelo jamaicano Kevin "Pelé" Wilson, fez 2 a 1 para os visitantes, contabilizando 1003 gols.

A Rede Globo também achou em 2007 três gols que não foram contados na carreira do baixinho. Um pela seleção do tetra de 1994 (um amistoso no qual reuniu craques do torneio, como Bebeto) e outros dois de jogos que o Vasco da Gama havia feito ainda antes de Romário ir para a Europa, nos anos 1980. Logo, se contarmos esses três gols, a sua conta chega a 1006 gols na carreira.

O milésimo gol da carreira de Romário aconteceu no dia 20 de maio de 2007. O gol foi marcado em um jogo do Vasco da Gama, sob comando do técnico Celso Roth, contra o Sport Recife, no estádio de São Januário. O jogo foi válido pela 2a rodada do Campeonato Brasileiro de 2007. O gol foi de pênalti: após o cruzamento de Thiago Maciel, o zagueiro Durval cortou a bola com a mão e o árbitro Giuliano Bozzano assinalou a penalidade máxima. Magrão sofreu o gol. Romário entrou para a história como o segundo jogador brasileiro a chegar a marca de 1000 gols.

Romário foi homenageado pelo Vasco da Gama após o milésimo com a inauguração de sua estátua em São Januário, além da imortalização de sua camisa 11.

"Romário, o gênio da grande área"
J.Cruyff

Johan Cruijff


Hendrik Johannes "Johan" Cruijff (Amsterdã, 25 de Abril de 1947) é um técnico de futebol e ex-futebolista dos Países Baixos, apontado como o melhor futebolista neerlandês de todos os tempos.[1]

Considerado um jogador revolucionário, tático, ofensivo, coletivo, vistoso e eficiente, inspirou muitos jogadores e treinadores a partir de suas extraordinárias atuações no Ajax e, principalmente, na Seleção dos Países Baixos, durante a Copa do Mundo de 1974. As suas atuações no mundial foram suas únicas referências para grande parte das pessoas que o conhecem;[2] antes da cobertura ao vivo dos campeonatos estrangeiros pela TV, apenas as Copas eram vistas de maneira especial.[3]

Se, atualmente, há no futebol jogadores polivalentes que podem atuar sem posição fixa no campo, sem prejuízo de suas atuações individuais, muito se deve a este genial craque e não menos a seu treinador no Ajax, Barcelona e na Seleção Neerlandesa, Rinus Michels. Mesmo mais de trinta anos passados da Copa do Mundo de 1974, os Países Baixos, Michels e Cruijff sintetizam a última revolução tática na história do futebol e serão para sempre lembrados como sinônimos do chamado futebol total.

Seu sobrenome é originalmente grafado, na língua neerlandesa, como "Cruijff", sendo mais popularmente escrito como "Cruyff" no exterior.[2]

Habilidades

No final dos anos 1960, já demonstrava suas ideias revolucionárias. Deixou a todos no Ajax loucos não só ao impor as suas noções de táticas, como também a tomar a iniciativa de negociar seus termos salariais.[2] As ideias ousadas de Cruijff combinaram-se com a igualmente ousada ambição de um professor de ginásticas para crianças surdas, Rinus Michels, quando eles se encontraram em 1965 no Ajax, onde Michels chegara para ser técnico.[2] Michels planejava transformar o clube, uma equipe semiprofissional que fazia jogos pelo leste de Amsterdã, em um time internacional de ponta - o que ele e Cruijff conseguiriam em seis anos.[2]

Em campo, Cruijff ditava um jogo de toques rápidos em que os jogadores não possuíam posições fixas, trocando-as constantemente, com exceção óbvia ao goleiro - que nem por isso deixava de ter a sua contribuição no "sistema", cabendo a ele a função de iniciar os ataques.[2] O chamado "futebol total" surgiu em volta de Cruijff, um jogador com fome de jogo, que, como fome de bola, ia atrás no campo para marcar o adversário e tirá-la dele, com todas as condições para isso: tinha um fôlego privilegiado, era magro, sendo exímio no controle de velocidade; de fato, sua ficha em perfil dele publicado em edição especial da Placar sobre os cem melhores jogadores do século XX (dos quais ele foi eleito pela revista o terceiro, atrás só do vencedor Pelé e de Diego Maradona) era bem sincera no campo "posição", onde estava escrito "todas, menos o gol".[4]

Não hesitava também em orientar os companheiros.[4] Era capaz de dar "piques nos piques", acelerando jogadas já bem aceleradas, deixando os adversários para trás.[2] Capaz de giros em pequenos espaços, chutes longos certeiros, dribles fáceis, de ser bom cabeceador e artilheiro.[4]

Sua personalidade quente e que não aceitava ordens, um possível resquício da perda prematura do pai, faria Michels contratar dois terapeutas para atender o garoto.[2] Dentro de campo, entretanto, a parceria seria um sucesso.

Como Jogador

Ajax

Cruijff foi praticamente criado no Ajax: seu pai, Manus, dono de uma mercearia, fornecia frutas ao clube.[2] Os vínculos continuaram por parte de mãe, que foi trabalhar como faxineira do clube após tornar-se viúva[4] (quando o garoto Cruijff, que frequentava os vestiários já com quatro anos, possuía doze[2]). Por ideia dela, o filho entrou nas categorias de base do Ajax; ela acreditava que assim ele poderia superar a deficiência que tinha nos pés, cuja má formação o obrigava a utilizar aparelhos ortopédicos: ironicamente, só assim ele, cuja uma das caracterísitcas futuras seria suas corridas fulminantes, conseguia caminhar.[4] Sua sugestão provar-se-ia como divisora de águas não só do clube, mas do futebol nacional.

O garoto estreou em 1964, em derrota de 1 x 3. Com a chegada um ano depois de Michels, que aceitou o jogo ditado por Cruijff, os títulos viriam em série: o Ajax seria na primeira temporada com ambos trabalhando juntos campeão neerlandês, o que se repetiria consecutivamente outras duas vezes. Outros três títulos no campeonato nacional viriam em espaço de cinco anos. Cinco Copas dos Países Baixos também seriam levantadas no período.

Na Copa dos Campeões da UEFA, a estreia deu-se em um 5 x 1 sobre o Liverpool. O clube chegaria à final em 1969, mas perderia para Milan. Para piorar, o arquirrival Feijenoord trouxe a mais importante taça europeia de clubes pela primeira vez para os Países Baixos, em 1970. Cruijff, Michels e o Ajax responderam logo na edição seguinte, igualando o rival e superando-o em seguida: foram três títulos consecutivos, nas edições de 1971, 1972 (ano em que ele foi pela segunda vez artilheiro do campeonato, e em que o time ganhou todos os torneios importantes que disputou) e 1973, respectivamente contra o Panathinaikos (time então treinado pelo lendário Ferenc Puskás), Internazionale e Juventus. Pelos títulos de 1971 e 1973, seria premiado com a Bola de Ouro da France Football, sendo o primeiro neerlandês a recebê-la. Os dois últimos títulos europeus foram já sem Michels, que saíra para o Barcelona após a primeira conquista continental.

Cruijff então estava liderando sozinho um time de bairro que, dono de um estádio pequeno até para as segundas divisões da Itália ou Espanha e cujos jogadores não ganhavam mais do que um bom lojista, vinha reinventando o futebol.[2] Após o título de 1973, entretanto, decidiu sair do clube, vítima do próprio poder que ajudara a deixar nas mãos dos jogadores: seus colegas decidiram que o novo capitão do clube seria Piet Keizer.[2] Cruijff iria então para onde estava Michels, o homem que o compreendera: o Barcelona.

Barcelona

Chegou ao Barça na negociação mais cara do futebol até então,[4] por cinco milhões de florins, preço tão alto que o governo espanhol não aprovou a transferência. Só conseguiu ser levado porque foi registrado oficialmente como uma peça de máquina de agricultura.[2] Cruijff justificou o alto investimento: marcou duas vezes na estreia e reconduziu o Barça a um título espanhol que não vinha havia 14 anos, quando ainda jogavam pelo clube Luis Suárez, László Kubala, Zoltán Czibor, Sándor Kocsis e Evaristo.

Eleito o melhor jogador do campeonato, receberia sua terceira Bola de Ouro pelo feito. A temporada fora em estado de graça também por ele ter conseguido, paralelamente, classificar a Seleção Neerlandesa à Copa do Mundo de 1974 - os Países Baixos não disputavam o torneio desde a sua primeira participação, na edição de 1938.

Se a primeira temporada foi mágica, as seguintes lhe seriam estressantes, apesar da companhia de seu ex-colega de Ajax e Seleção Johan Neeskens, trazido ao clube após o mundial de 1974: só voltaria a ganhar um troféu em 1978, quando levantou a Copa do Rei, para logo depois aposentar-se - sequer iria à Copa do Mundo de 1978 -, cansado da violência dos gramados espanhóis, onde chegou a ter uma perna quebrada.[4] Ainda assim, sua imagem continuaria poderosa no clube e na região da Catalunha: em homenagem ao santo padroeiro local, batizaria seu filho de Jordi, a versão no idioma catalão para o nome Jorge. Jordi Cruijff só pôde ser registrado assim pois nascera nos Países Baixos, uma vez que na Espanha a ditadura de Francisco Franco, que proibia o uso de outra língua que não a castelhana, ainda vigorava.

Volta aos gramados

Fizera sua despedida em outubro de 1978, com a camisa do Ajax, em amistoso contra o clube que havia sido o sucessor imediato da equipe na hegemonia da Copa dos Campeões: o Bayern Munique, que conquistaria o troféu também três vezes seguidas após o último do Ajax. Os alemães venceriam por 8 x 0.[2] Este acabaria, entretanto, sendo um final provisório: em virtude de investimentos desastrosos em criações de porcos, que o fariam perder milhões, Cruijff se viu forçado a voltar a jogar.[2]

Escolheu o futebol dos Estados Unidos, onde poderia viver tranquilo no anonimato. Passaria dois anos nos EUA, onde defendeu primeiramente o Los Angeles Aztecs (treinado por Michels) e depois o Washington Diplomats. Vestiria também a camisa do New York Cosmos em amistoso de exibição.[2] Voltou a se apaixonar pelo esporte e retornou brevemente à Espanha, onde vestiu novamente um manto azul e grená, mas não o do Barcelona e sim o do pequeno Levante, de Valência. Logo retornaria aos Países Baixos e ao Ajax.

Enfrentou ceticismo não só por nunca ter sido uma unanimidade em casa (onde era acusado de "desbocado" e "dinheirista"), mas também pela idade de 34 anos e seu físico já alquebrado.[2] A resposta veio em sua reestreia, em que passou por dois zagueiros e encobriu o goleiro do Haarlem.[2] O público lotava os estádios para o ver, acreditando que estava perto da aposentadoria, e as câmeras de TV muitas vezes não conseguiam seguir suas jogadas fulminantes.[2] Em suas duas temporadas no retorno ao Ajax, seria campeão neerlandês (e na segunda, também campeão da Copa nacional), convivendo com os jovens Marco van Basten e Frank Rijkaard. A primeira vez em que Van Basten entrou em campo profissionalmente foi inclusive substituindo Cruijff na partida.[5]

Considerado velho, Cruijff foi despedido do clube depois do segundo título seguido no campeonato por se recusarem a lhe pagar o que queria.[2] Aos 36 anos, preparou sua vingança, firmando contrato com o rival Feyenoord. No time de Roterdã, jogando sua última temporada profissional, ele, convivendo agora com um jovem Ruud Gullit, ganharia pela terceira vez seguida a Eredivisie, quebrando um jejum de dez anos do novo clube - que venceria também a Copa dos Países Baixos.

Em 1991, sete anos após sua aposentadoria, um troféu que leva seu nome seria criado pela Real Associação de Futebol dos Países Baixos, sendo entregue ao vencedor da partida entre os campeões do campeonato e da Copa nacionais.

Seleção

Cruijff observado pelos alemães Gerd Müller, Berti Vogts e Uli Hoeneß, na final de 1974

Estreou pelos Países Baixos em 1966, aos dezenove anos, em jogo contra a ainda respeitada Hungria. Fez o gol de empate aos 48 minutos do segundo tempo.[4] Cruijff transfomaria a Seleção Neerlandesa, então modesta, em uma potência mundial. Mas isso ainda demoraria a ocorrer: o país não se classificaria para as fases finais das Eurocopas de 1968 e 1972 e para a Copa do Mundo de 1970.

Com a base titular da Seleção formada pelos jogadores de Feyenoord (Wim Jansen, Wim van Hanegem e Wim Rijsbergen) e Ajax (Arie Haan, Ruud Krol, Johan Neeskens, Johnny Rep e Wim Suurbier), que no período entre 1970 e 1974 deixaram a taça da Copa dos Campeões da UEFA nos Países Baixos, o conjunto, ainda que desunido - os jogadores de um time não costumavam conversar com os do rival [6] - finalmente obteve a classificação para a Copa do Mundo de 1974. Cruijff, já treinado por Rinus Michels no Barcelona, o seria também na Oranje no torneio. O treinador não hesitou em transportar para a Seleção o rodízio que funcionara bem no Ajax de ambos.[4] O chamado "futebol total" do Ajax transfomar-se-ia para os olhos do mundo no "Carrossel Holandês" no mundial.

Cruijff era um jogador à parte no elenco laranja (cuja equipe-base era formada também pelo goleiro Jan Jongbloed e pelo atacante Rob Rensenbrink, de outros clubes), o que se traduzia inclusive no uniforme: enquanto a numeração do restante do elenco foi escolhida conforme a ordem alfabética dos sobrenomes, fazendo o goleiro titular Jongbloed jogar com o número 8, Cruijff pôde utilizar o seu número favorito, o 14. E, mais visivelmente, enquanto os demais jogadores exibiam as três listras laterais da Adidas (saída encontrada pela empresa para a sua divulgação, uma vez que logomarcas ainda eram proibidas de serem estampadas nas camisas), as roupas dele continham apenas duas, imposição de sua patrocinadora particular (uma então novidade), a rival Puma. O espírito um tanto "mercenário" não foi uma exclusividade sua na Copa, contagiando todo o elenco, que passava mais tempo discutindo termos, condições e prêmios do que debatendo sobre táticas.[6] Mesmo um dos únicos que não reclamaram do já alto prêmio de 25 mil florins dado aos jogadores pela classificação à final, Neeskens, declararia que seu objetivo no mundial era melhorar a própria cotação "no mercado futebolístico internacional".[4]

No mundial, o país lideraria seu grupo na primeira fase após vencer Uruguai (2 x 0) e Bulgária (4 x 1, uma vingança contra a seleção que havia tirado a vaga nos neerlandeses no mundial anterior) e empatado em 0 x 0 com a Suécia - em que ele passou a bola por trás de suas pernas após ameaçar cruzar, deixando o zagueiro sueco que tentara impedir o suposto cruzamento, Jan Olsson, chutar o ar.[2]

Um assombro maior viria na segunda fase, também disputada em grupos de quatro países, e não em mata-matas. Cruijff marcaria pela primeira vez, fazendo dois gols na primeira partida, contra a Argentina, que levou de 0 x 4. Os neerlandeses depois venceriam a Alemanha Oriental por 2 x 0, chegando à última rodada com a vantagem do empate contra o detentor do título, o Brasil (que tinha menor saldo de gols, tendo vencido os mesmos adversários por 2 x 1 e 1 x 0, respectivamente). Em uma verdadeira batalha campal,[6] a "Laranja Mecânica" aniquilaria os campeões por 2 x 0, com Cruijff dando assistência para o primeiro gol, de Johan Neeskens, e marcando o segundo, e a Seleção Neerlandesa tornava-se a primeira a vencer em uma Copa as três potências sul-americanas.

A final seria contra os anfitriões, outros alemães, os da Alemanha Ocidental. Mal dado o início da partida, Cruijff correu com a bola até ser derrubado por Uli Hoeneß na entrada da área alemã, cavando pênalti inexistente[2] que seria convertido por Neeskens. No restante do jogo, porém, deixar-se-ia anular facilmente por Berti Vogts e os alemães conseguiriam virar a partida e ficar com a taça. A explicação para a sua atuação aquém do esperado estava na bastante mal-dormida noite anterior: Cruijff, que prezava a família segura que perdera aos doze anos, passara a véspera da partida procurando convencer sua esposa, Danny, de que era falsa a notícia divulgada pelo jornal alemão Bild-Zeitung de que ele teria feito festa no hotel regada a champagne e garotas de programa.[2]

O ocorrido também lhe motivaria a não ir ao mundial seguinte, na Argentina, onde poderia ter sido crucial em uma campanha que, sem ele, também ficaria no vice-campeonato - a equivocada versão de que teria recusado a ir à Copa em protesto à ditadura argentina, entretanto, acabaria sendo mais divulgada.[2] Cruijff disputou pelos Países Baixos também a Eurocopa 1976, com o elenco ficando com a terceira colocação na fase final.

Como técnico

Na nova função, obteve sucesso. Dois anos após parar de jogar, pelo Feyenoord, voltou ao Ajax para comandar seu ex-clube à beira do gramado. Ficaria por duas temporadas, mas não conquistaria o campeonato neerlandês no período, em que o clube hegemônico nele foi o PSV Eindhoven. Tentou reintroduzir o estilo do "futebol total", mas só confundiu os jogadores, já desabituados com o sistema.[2] Não escondia que priorizava desenvolver novamente o futebol do clube, desde as divisões de base, a ganhar logo títulos.[2] Ainda assim, comandou Van Basten, Rijkaard e o jovem Dennis Bergkamp na conquista da Recopa Europeia de 1987, faturando também as Copas nacionais do mesmo ano e do anterior. Van Basten marcou o gol do título europeu após ouvir dizeres nada sutis do técnico: "se você não vencer, eu destruo você".[7]

No ano seguinte, os Países Baixos finalmente conquistariam um torneio, a Eurocopa 1988, sob o comando de Rinus Michels, o método conjunto de ambos e jogadores que haviam jogado com Cruijff, dentre eles o trio Gullit-Van Basten-Rijkaard.[2] Talvez por isso tenha sido contratado em 1988 por seu outro ex-clube, o Barcelona. Planejou nos blaugranas o mesmo trabalho desde as divisões de base que fizera no Ajax. Sua maior crise no período em que ficaria no Barça não seria resultados dos gramados e sim um infarto que quase o matou, em 1991, muito provavelmente consequência dos cigarros que inveteradamente fumava; o ataque o obrigou a implantar pontes de safena.[4]

No Barcelona, ficaria oito anos, quebrando o recorde de permanência no cargo.[4] Os frutos no Espanhol vieram a partir da terceira temporada. Decadente no torneio nos anos 1980, em que o conquistara apenas uma vez (em 1985), com Cruijff o Barça levaria a liga quatro vezes seguidas, a partir de 1991. Antes disso, a equipe já havia levado a Copa do Rei de 1990 e, no ano anterior, a Recopa Europeia. Em 1992, o clube seria pela primeira vez campeão da Copa dos Campeões da UEFA, batendo na final a Sampdoria, o mesmo adversário vencido três anos antes na Recopa. O único gol foi marcado por um compatriota trazido por ele, Ronald Koeman.

Dois anos depois, com outro reforço trazido por ele do futebol neerlandês (ninguém menos que Romário, que jogava no PSV), o clube teve a oportunidade do bi contra outros italianos, os do Milan, que levara a melhor na Supercopa Europeia de 1989. Favorito, o time de Cruijff acabaria goleado por 0 x 4. O Barcelona não voltaria mais a ganhar títulos por um tempo e ele acabaria saindo em 1996, não voltando mais a treinar equipes, não sem antes afastar do clube o próprio Romário e o búlgaro Hristo Stoichkov, cujas personalidades também fortes foram de encontro com a dele.[4]

Outras estrelas mundiais que saíram, por não se adequarem ao posicionamento que Cruijff escolhia para elas, foram o inglês Gary Lineker (em 1989)[8] e o romeno Gheorghe Hagi (em 1996)..[9] O dinamarquês Michael Laudrup foi outro a se aborrecer com o técnico, por ter sido o estrangeiro escolhido para não ser escalado na final da Liga dos Campeões de 1994 (devido ao limite de três estrangeiros existente na época, Cruijff teve de usar apenas Romário, Stoichkov e Koeman), aceitando logo depois proposta do Real Madrid. Por outro lado, Cruijff não deixou de usar seu filho Jordi no elenco - não por acaso, Jordi Cruijff deixaria o clube em 1996 rumo ao Manchester United, após a saída do pai.

Em meio ao seu período de glórias como técnico do Barcelona, Cruijff chegou a ser chamado para treinar os Países Baixos na Copa do Mundo de 1994, mas achou a oferta pouco atrativa e recusou.[2] Após deixar a função, passou a trabalhar com sucesso como comentarista. Sua influência é mais forte no Barcelona do que na terra de origem, o que inclui seu poder nos bastidores: o clube contratou Frank Rijkaard em 2003 por indicação dele.[2] A despeito disso, sua bênção também foi aceita na Seleção Neerlandesa, que contratou outro pupilo seu, Van Basten, como técnico em 2004.[10]

Em novembro de 2009, acertou sua volta à função, agora como técnico da Catalunha,[11] cuja seleção não é reconhecida pela FIFA e costuma fazer partidas apenas anuais. Em seu primeiro jogo, o treinador obteve um ótimo resultado, vendo a Seleção Catalã vencer a Argentina por 4 x 2.[12]

Legado

Países Baixos

No futebol dos Países Baixos, há o antes e o depois de Cruijff. Graças à geração simbolizada por ele, a Seleção Neerlandesa tornou-se uma das mais respeitadas do mundo. Atualmente, entretanto, não é nas ideias dele que o jogo da Oranje se baseia. Arthur van den Boogard, cronista esportivo do país, chamou isso de "pós-Cruijff".[13] O revolucionário, que já não era uma unanimidade, teve sua imagem sendo abalada conforme seus pensamentos não vinham mais se adequando à realidade do futebol atual, como a falta de necessidade de alas.[2]

Sua obsessão pelo bem-estar do futebol nacional fez Cruijff chegar ao ponto de fazer declarações de repúdio à então ministra da imigração do país, Rita Verdonk. Conhecida por sua política restrita na concessão da cidadania neerlandesa, a ministra não a concedeu a Salomon Kalou.[14] Às vésperas da Copa do Mundo de 2006, O jogador vinha recusando as convocações de seu país natal, a Costa do Marfim - classificada para o mundial e que contava com seu irmão, Bonaventure - pois desejava atuar pelos Países Baixos, mas para isso necessitava de um processo acelerado para poder naturalizar-se. Apesar dos apelos do técnico Marco van Basten, que via nele uma boa alternativa a Arjen Robben e Robin van Persie, a ministra declinou, Kalou ficou de fora da Copa e posteriormente decidiu aceitar a Seleção Marfinense. Cruijff culparia Verdonk quando os neerlandeses foram eliminados: "Não quero dizer que a toda a culpa pela eliminação deve ficar sobre seus ombros, mas ela tem parte da culpa, definitivamente; quero dizer que um ministro está a serviço do interesse do país, e está claro que ela (Verdonk) não fez isso".[14][15][16]

Sua reputação ainda piorou após uma breve passagem na direção do Ajax, em fevereiro de 2008, em que apareceu proclamando-se o salvador do time, gerando uma onda de comoção. Toda a direção do clube renunciaria no dia seguinte, deixando o Ajax nas mãos do ex-craque. Com a ideia de novamente reorganizar o clube desde as categorias de base do time, pediu a demissão de todos os responsáveis pela queda de prestígio delas. Ao fazer isso, acabou desentendendo-se com o pupilo Marco van Basten, chamado por ele para ser o técnico do elenco principal. Cruijff então concluiu, dezessete dias após sua manifestação, que não tinha mais nada a fazer no clube.[13]

A preocupação dele em relação aos rumos das categorias inferiores tinha fundamento: o clube havia parado de revelar talentos na quantidade e qualidade que havia no início da década de 1990, quando colheu os frutos da organização profunda feita por Cruijff nelas; boa parte do time que conquistou a Liga dos Campeões da UEFA de 1995 (o quarto e último título do clube no torneio, que ganhou o novo nome em 1993) era formada por jovens que estavam nas divisões de base que ele tanto priorizou quando técnico. Quem sobrevivia às loucuras de Cruijff - ele, por exemplo, chegou a usar atacantes natos como Dennis Bergkamp na zaga para fazê-los aprender como o adversário pensa[2] - parecia destinado a ter destaque futuro: do time campeão europeu naquele ano, haviam sido formados no clube no período dele na comissão técnica Michael Reiziger, os irmãos Frank e Ronald de Boer, Clarence Seedorf, Edgar Davids e Patrick Kluivert (que revelou ter passado pela mesma situação de Bergkamp[17]). Outra joia da casa era Frank Rijkaard, de volta após não ter aguentado na época os pensamentos do técnico.[2]

Barcelona

Se o Ajax deixara os projetos iniciados por Cruijff de lado, no Barcelona, onde ele procurou realizar a mesma obra, foi diferente: atualmente, a academia barcelonista conta com doze equipes, cada uma com até 24 jogadores. A maioria dos técnicos são licenciados pela UEFA para dirigir as categorias inferiores do Barça, consideradas as maiores produtoras de jogadores de alto nível, chegando a levar até 15 anos para formar um atleta.[18] "Talvez o maior legado de Cruijff seja a metodologia que ele trouxe para o clube", disse José Ramón Alexanko, membro do chamado Dream Team campeão europeu sob o comando dele em 1992.[18] De acordo com Alexanko, o Barcelona continua a procurar jogadores "pela excelência técnica, força mental, ritmo e rapidez de raciocínio em campo. A maioria dos jogadores que cabe nessa categoria já está jogando como atacante e nós depois os transformamos em zagueiros, geralmente quando eles têm 16 anos (…). Um jogador também deve amar o distintivo do clube, as cores da camiseta".[18]

Josep Guardiola, um dos garotos levados diretamente por ele ao time principal e também integrante do mesmo elenco campeão, sintetizou tal metodologia:

Cquote1.png "os jogadores têm de pensar rápido e jogar com inteligência, sempre sabendo qual será o próximo passe (…). É assim que aprendemos a jogar e que o público espera que joguemos: de forma atraente, mas sem perder a eficiência (…). Cruijff (…) nos ensinou a jogar movimentando a bola rapidamente. Ele só usava jogadores de grande técnica. Quando procuramos por jogadores, ainda queremos essas qualidades".[18] Cquote2.png

Dentre outros levados diretamente por Cruijff (que inauguraria também a boa relação do clube com futebolistas e técnicos neerlandeses) ao time principal, os mais famosos são Albert Ferrer, Carles Busquets, Thomas Christiansen e Sergi Barjuan, além de seu filho Jordi Cruijff. Com o progresso das canteiras do clube iniciado por ele, o Barcelona lançaria após a sua saída também Carles Puyol, Pepe Reina, Thiago Motta, Albert Luque, Xavi Hernández, Andrés Iniesta, Víctor Valdés, Oleguer Presas, Lionel Messi, Cesc Fàbregas, Gerard López, Mikel Arteta, Luis García, Giovani dos Santos, Bojan Krkić, Gerard Piqué, Fran Mérida e Sergi Busquets, dentre outros.