Lev Yashin
Lev Ivanovich Yashin - em russo, Лев Иванович Яшин (Moscou, 22 de outubro de 1929 — Moscou, 20 de março de 1990) - foi um goleiro soviético, considerado por muitos como o melhor que já existiu na história do futebol.
Era conhecido pela alcunha de Aranha Negra, devido ao seu uniforme todo preto. Único goleiro até hoje a ganhar a Bola de Ouro da France Football, prêmio para o melhor jogador da Europa, em 1963. Quando se aposentou, em jogo-despedida de 1971, a FIFA resolveu homenageá-lo com uma medalha de ouro especial, por sua extraordinária contribuição ao esporte. O prêmio dado oficialmente pela entidade ao melhor goleiro de uma Copa do Mundo também leva o seu nome.
Pioneirismo na Europa
Começou sua carreira como goleiro de hóquei no gelo na equipe de fábrica de ferramentas onde trabalhava em plena Segunda Guerra Mundial e aos quatorze anos decidiu atuar como goleiro de futebol.Segundo a lenda, Yashin defendeu 150 pênaltis na carreira e não levou gol em 270 jogos. Inspirado no goleiro búlgaro Apostol Sokolov, em excursão deste em 1949 na URSS, deixou de restringir à pequena área, portando-se virtualmente como um líbero.[1] Desta forma, cortava cruzamentos altos, tomava as bolas nos pés dos atacantes e bloquear-lhe os ângulos.
Yashin também prezava pela antevisão dos lances adversários, antecipando de suas observações o movimento de defesa.[2] Aprimorando a idéia do búlgaro, espalharia pela Europa a noção de um goleiro avançado em relação à sua área.[3]
Yashin defendeu o Dínamo de Moscou por toda a sua carreira de 22 anos, onde ingressou em 1949. O início não foi fácil, sendo gafes comum. Foi ganhar a posição em 1953, após a saída da estrela Aleksey Khomich. Naquele ano, ele, um fã de hóquei no gelo, decidiu recusar uma convocação da Seleção Soviética de Hóquei para concentrar-se no futebol.[3]
Sua era de ouro com o Dínamo iniciaria-se no ano seguinte, conquistando seu primeiro campeonato soviético pelo clube. Venceria a Liga outras quatro vezes (1955, 1957, 1959 e 1963). Foi também três vezes campeão da Copa da URSS (em 1953, 1967 e 1970). Entretanto, seus outros feitos no Dínamo são difíceis de se apurar com rigor, pois os melhores momentos de Yashin no clube foram nos mais fechados tempos de comunismo na Guerra Fria.[2]
Ainda assim, no ano em que ganhou seu quarto título soviético, foi eleito o melhor jogador da Europa pela France Football, que entregou a Bola de Ouro a ele e não a Gianni Rivera, principal nome do campeão europeu daquele ano (o Milan). Yashin despediu-se em 1971, após ganhar no final do ano anterior a Copa de URSS.
O Dínamo, embora tenha sido vice-campeão da Recopa Europeia em 1972, não soube repor a liderança, respeito e carisma de sua maior estrela, entrando em decadência: quem passou a disputar os troféus soviéticos com o rival Spartak Moscou foi outro Dínamo, o de Kiev. O de Moscou ficaria atrás dos dois na tabela dos maiores vencedores do campeonato soviético e a carência de títulos prosseguiria nos tempos pós-URSS: é a única grande equipe que ainda não ganhou o campeonato russo, ficando atrás do Spartak, dos também moscovitas CSKA e Lokomotiv e até de equipes menores, como o Zenit São Petersburgo e o Rubin Kazan.
Seleção
Pela Seleção Soviética jogou as Copas do Mundo de 1958, 1962, 1966 e 1970, sendo o único jogador do país a ter ido a quatro Copas, embora tenha jogado apenas as três primeiras; na última, quando já tinha 40 anos, foi como reserva de Anzor Kavazashvili, seu suplente no mundial de 1966 - na Copa em que Yashin ajudou a levar sua equipe ao quarto lugar, a melhor colocação do país na história do torneio.Pelo fato de a Seleção render mais imagem internacional do que o Dínamo, boa parte do mito em torno de Yashin deve-se às suas exibições pela União Soviética, notadamente as realizadas nas Copas. Ele também conseguiu duas das três premiações soviéticas no futebol em seleções principais: a medalha de ouro nas Olimpíadas de 1956 e na Eurocopa 1960.
A volta do Aranha Negra
Ainda assim, o goleiro manteve respeito o suficiente para ser o escolhido para defender no ano seguinte o gol da seleção do Resto do Mundo que enfretou a Inglaterra em partida que celebrou o centenário da Football Association. 1963 também marcou-lhe a entrega da Bola de Ouro, o que fez dele o primeiro (e, até hoje, único) goleiro a receber a prestigiada premiação da France Football como melhor jogador da Europa. Um ano depois, o prestígio renovou-se um pouco com a URSS novamente alcançando o final da Eurocopa, na segunda edição do torneio. Porém, a Eurocopa 1964 acabaria ficando com a anfitriã Espanha. No mesmo ano, realizaram-se as Olimpíadas de 1964 e, apesar de favorito para vencer no futebol, o país não participou.[12]Veio a Copa do Mundo de 1966 e Yashin ainda amargava as lembranças de 1962, mesmo com a classificação para o mundial obtida sem maiores problemas. Na primeira fase, só foi titular na vitória contra a Itália.[13] Já com 37 anos, foi poupado do jogo contra a Coreia do Norte, a estreia,[14] e contra o Chile, pois os soviéticos já estavam classificados,[15] dando seu lugar ao reserva Anzor Kavazashvili. Nas quartas-de-final, voltou ao gol e a angariar imponência, ao ser o personagem do jogo, fazendo meia dúzia de defesas antológicas.[16] A União Soviética caiu na partida seguinte, a semifinal contra a Alemanha Ocidental, e perderia também o terceiro lugar para Portugal, mas o goleiro voltara a ser o Aranha Negra.
A URSS novamente ficou entre as quatro primeiras na Eurocopa 1968, mas com uma frustração: perdeu a vaga na final no cara e coroa, após empate sem gols contra a Itália, que terminaria campeã - a disputa por pênaltis ainda não era adotada para desempatar prorrogações e o jogo-desempate já não era mais adotado. Paralelamente, Yashin, à beira dos quarenta anos e da aposentadoria, cedia de vez o gol para seu suplente Kavazashvili. O lendário goleiro foi à Copa do Mundo de 1970, mas como reserva do georgiano, não jogando nenhuma partida. No ano seguinte, despediu-se de vez do futebol. Falta de magia ou não, quando despediu-se de mundiais, a União Soviética demoraria 12 anos para voltar a um.
Após parar
Ele se aposentou com 42 anos, em 1971, passando a treinar equipes juvenis e trabalhar como professor de educação física, além de ter participado das comissões técnicas do Dínamo e da seleção. Em 1984 teve de amputar uma perna devido a um problema circulatório. Dois anos depois, teve um AVC.[2] Morreu em 1990, por causa de um câncer de estômago, no ano anterior à desintegração do país em que nasceu.Em uma eleição realizada em 1998 pela Fifa, Yashin foi escolhido o goleiro do século XX. Posteriormente, em 2004, foi eleito o melhor jogador russo dos 50 anos da UEFA, nos Prêmios do Jubileu da entidade.
Estatísticas
- 812 jogos na carreira
- 326 jogos pelo Dínamo de Moscou na liga soviética
- 78 jogos pela seleção nacional soviética
- 150 pênaltis defendidos
- 270 jogos sem levar gol
Prêmios e Homenagens
- Melhor jogador da Europa em 1963 - Prêmio Ballon d'or (até hoje foi o único goleiro a ganhar tal honraria)
- Em 1968 foi condecorado com a Ordem de Lenin por sua vitoriosa carreira de grande esportista soviético.
- Lev Yashin é considerado como o melhor goleiro da história das Copas do Mundo. Por isso o troféu da FIFA dado ao melhor goleiro do campeonato, que foi entregue pela primeira vez em 1994, leva o seu nome em reconhecimento a seu magnífico trabalho.
- Em 27 de dezembro de 1999 foi eleito como o melhor esportista russo do século XX, pelos jornalistas esportivos do seu país.
- Em 2004, foi eleito o melhor jogador russo dos 50 anos da UEFA, nos Prêmios do Jubileu da entidade.
- Eleito o goleiro da Seleção de Futebol do Século XX.
Títulos
- Campeonato Soviético (1954, 1955, 1957, 1959 e 1963)
- Copa da URSS (1953, 1967 e 1970)
- Medalha de Ouro nas Olimpíadas de 1956
- Eurocopa 1960.
Nenhum comentário:
Postar um comentário