segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


Duncan Edwards


Duncan Edwards (Dudley, 1 de Outubro de 1936Munique, 21 de Fevereiro de 1958) foi um futebolista inglês. Edwards foi um dos Busby Babes, uma equipe formada por jovens que eram comandados por Matt Busby em meados dos anos 1950, e um dos oito jogadores que faleceram em virtude do desastre aéreo de Munique.

Nascido em Dudley, Edwards entrou para a equipe do Manchester United quando era um adolescente e se tornou o jogador mais jovem a disputar uma partida na Primeira Divisão Inglesa e, em seguida, o mais jovem a atuar pela Inglaterra desde a Segunda Guerra Mundial. Em uma carreira profissional de menos de cinco anos, ele ajudou os Red Devils a ganhar dois campeonatos nacionais e alcançar as semifinais da Copa dos Campeões da Europa. Embora ele tenha sobrevivido ao acidente de avião em Munique, em fevereiro de 1958, ele morreu em resultado de suas lesões quinze dias depois.

Biografia

Primeiros anosEdwards nasceu em 1 de outubro de 1936, em uma casa em Malvern Crescent no distrito de Woodside, Dudley, que na época fazia parte do condado de Worcestershire.[1] Ele foi o primeiro filho de Gladstone e Anne Sarah Edwards e o único filho a sobreviver até a maioridade, pois sua irmã caçula, Carol Anne, acabou morrendo em 1947, com apenas catorze semanas de vida.[2] A família se mudou para a 31 Elm Road sobre a Priory Estate, também em Dudley. Edwards estudou na escola próxima de sua casa (Priory Primary School) durante sete anos, e, durante mais quatro anos, estudou na Wolverhampton Street Secondary School.[3] Ele jogou futebol na época da escola, tanto como as próximas de sua casa (no distrito de Dudley), como pelas equipes do distrito Worcestershire e Birmingham, e também representou sua escola de dança de Morris.[4] Ele foi selecionado para competir no National Morris e Sword Dancing Festival, mas também foi oferecido uma oportunidade no English Schools Football Association, que caiu no mesmo dia, tendo Edwards optado pela última.

Edwards impressionou os seletores e foi escolhido para jogar pela English Schools XI, fazendo sua estreia contra a equipe do País de Gales no Wembley Stadium em 1 de abril de 1950. Ele logo foi nomeado capitão da equipe, posição que ocupou por duas temporadas.[5][6] Nessa altura, já havia atraído a atenção de grandes clubes, como o Manchester United. Logo, o caça talentos do United, Jack O'Brien, disse a Matt Busby em 1948: "Hoje vi um estudante de doze anos que merece atenção especial. Seu nome é Duncan Edwards, de Dudley."[5]

Joe Mercer, que na época era treinador das equipes de base da Inglaterra, pediu para Busby assinar contrato com Edwards, que também estava atraindo o interesse de Wolverhampton Wanderers e Aston Villa.[7] Edwards assinou contrato com o United em 2 de junho de 1952, mas as datas de quanto ele teria assinado seu primeiro contrato com o clube variam. Alguns relatórios afirmam que ocorreu após seu aniversário, em 17 de outubro de 1953,[8][9] mas outros afirmam que ela ocorreu um ano antes.[10][11][12] Muitos dizem que um funcionário do clube, sendo Busby ou Bert Whalley, chegou na casa da família de Edwards logo após a meia-noite para garantir a assinatura com o jovem o mais cedo possível, mas outros afirmam que isso ocorreu na primeira data. O gerente do Wolves, Stan Cullis, estava indignado com isso, acusando o United de ter oferecido incentivos financeiros para Edwards e sua família, mas Edwards afirmou que sempre quis defender a equipe de Lancashire. Para se garantir, caso não conseguisse virar um jogador de futebol, começou a aprender carpintaria.

Morte

Voltando para casa de Belgrado, o avião que transportava Edwards e seus companheiros de equipe caiu ao decolar após uma parada para reabastecimento em Munique, Alemanha.[13] Sete jogadores e outros catorze passageiros morreram no local,[13] e Edwards foi levado para o hospital Rechts der Isar com múltiplas fraturas nas pernas, costelas fraturadas e os rins danificados.[14][15] Os médicos estavam confiantes que Edwards acabaria se recuperando, mas não tinham esperança que ele voltaria a jogar.

Os médicos tinham levado no dia seguinte para o hospital um rim artificial, mas o órgão artificial reduzida a sua capacidade de coagulação do sangue, e ele começou a sangrar internamente. Os médicos estavam confiantes que Edwards acabaria se recuperando, mas não tinham esperança que ele voltaria a jogar. Dois dias após o acidente, Duncan murmurou para o assistente do United Jimmy Murphy: “Que horas começa o jogo contra o Wolves, Jimmy? Preciso estar pronto”. Os médicos ficaram espantados com isso, mostrando sua luta para sabreviver, mas após uma longa luta, Edwards acabou morrendo de insuficiência renal em 21 de fevereiro de 1958.[16]

Edwards foi enterrado no Cemitério de Dudley, cinco dias depois,[17] ao lado de sua irmã Carol Anne. Mais de cinco mil pessoas foram às ruas de Dudley para seu funeral.[18] Em seu túmulo, está escrito a frase: "Um dia de memória, uma triste recordação, sem despedida, ele deixou todos nós",[19] e seu túmulo é visitado regularmente por fãs.[20]

Legado

A road sign reading "Duncan Edwards  Close"
Uma rua em Dudley, foi nomeada em homenagem de Edwards.

Edwards é sempre homenageado de diferentes formas em seu distrito Dudley. Um vitral representando o jogador foi apresentado na Igreja de São Francisco, por Matt Busby, em 1961,[21] e uma estátua no centro da cidade foi dedicada por sua mãe e Bobby Charlton, em 1999.[22] Em 1993, uma associação de casas de habitação perto do cemitério onde está enterrado foi batizada de "Duncan Edwards Close".[18] O pub Wren's Nest perto de onde ele cresceu, foi rebatizado como "The Duncan Edwards" em homenagem a ele em 2001, mas fechado depois de cinco anos e foi posteriormente destruído por incêndios.[23] Em 2006, uma instalação de cem mil libras foi inaugurado em Priory Park, onde Edwards jogava quando criança.[24] Em 2008, o desvio do sul foi rebatizado de 'Duncan Edwards Way' em sua memória.[25]

Contemporâneos de Edwards tem sido incansáveis em falar da sua capacidade. Bobby Charlton o descreveu como "o único jogador que me fez sentir inferior" e disse que sua morte foi "a maior tragédia que aconteceu para o United e ao futebol inglês."[26] Terry Venables alegou que, se tivesse sobrevivido, teria Edwards erguido a taça do mundo como capitão da Inglaterra em 1966 e não Bobby Moore.[14] Tommy Docherty afirmou que "não haveria dúvidas que Edwards seria o maior jogador da história. Não somente do futebol britânico, com a camisa do United e Inglaterra, mas o melhor do mundo. George Best era especial, como Pelé e Maradona, mas na minha mente Duncan foi muito melhor em termos de capacidade e habilidade."[27] Em reconhecimento de seus talentos, Edwards foi eleito na inauguração para o Hall da Fama do Futebol Inglês, em 2002.[28]

Estilo de jogo

Fisicamente, ele era enorme. Ele era forte e tinha uma mente brilhante para o futebol. Sua capacidade era infinita - com o pé direito, pé esquerdo, passes longos, passes curtos. Ele fazia tudo instintivamente.
Bobby Charlton[29]

Apesar de ser lembrado como um meia defensivo, Edwards tinha a capacidade de atuar em qualquer posição dentro das quatro linhas.[30] Sua versatilidade era tal que em uma ocasião, ele começou uma partida jogando como um atacante, após lesão do jogador da posição e, terminou jogando na defesa.[31] Suas maiores virtudes eram sua força física e seu nível de autoridade em campo, o que era notável para um jogador de sua idade, e era particularmente conhecido por seu alto nível de resistência.[17] Stanley Matthews o descreveu "como uma rocha em um mar revoltado",[32] e Bobby Moore o comparou ao Rochedo de Gibraltar quando atuava na defesa, mas com grande dinâmica atuando mais ofensivamente.[14] Por conta de seu grande porte físico, acabou ganhando apelidos como "Big Dunc" e "The Tank",[20] e é considerado um dos mais fortes jogadores do futebol.[33]

Edwards também é lembrado por seus refinados passes e sua capacidade de utilizar ambos os pés nas jogadas.[20][34] Também era conhecido por suas arrancadas do meio de campo até o ataque, cobranças de falta, passes longos, passes curtos.[14][35] Após marcar um gol contra a Alemanha em 1956, ganhou o apelido de "Boom Boom" pela imprensa local por causa da arma Big Bertha utilizada na Primeira Guerra Mundial.[36][32]

Estatísticas

Clube Temporada Primeira
Divisão
Copa da
Inglaterra
Competições
europeias
Supercopa da
Inglaterra
Total
Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols Jogos Gols
Manchester United 1952–53 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0
1953–54 24 0 1 0 0 0 0 0 25 0
1954–55 33 6 3 0 0 0 0 0 36 6
1955–56 33 3 0 0 0 0 0 0 33 3
1956–57 34 5 6 1 7 0 1 0 48 6
1957–58 26 6 2 0 5 0 1 0 34 6
Total 151 20 12 1 12 0 2 0 177 21
Seleção Temporada Jogos Gols
Inglaterra 1954–55 4 0
1955–56 5 1
1956–57 6 3
1957–58 3 1
Total 18 5

Fora do futebol

Fora do futebol, Edwards era conhecido como uma pessoa muito privada, cujos principais interesses eram a pesca, jogos de cartas e idas ao cinema.[39] Embora que ele participasse de danças com os companheiros de equipe, ele nunca ficava confiente com isso. Ele foi descrito por Jimmy Murphy como um "garoto ingênuo" e com um forte sotaque Black Country.[40] Ele já foi parado pela polícia por andar de bicicleta sem luz e multado em cinco shillings por parte das autoridades e por duas semanas ficou com o salário suspenso no United.[41]

Antes de sua morte, Edwards estava vivendo em alojamentos em Gorse Avenue, Stretford.[42] Ele foi casado com Molly Leech, que tinha vinte e dois anos na época e trabalhou nos escritórios de uma fabricante de máquinas têxteis em Altrincham. O casal tinha se conhecido em um hotel no aeroporto de Manchester, um ano antes de se tornarem noivos.[39]

Edwards também havia participado de comerciais sobre açúcar da empresa Dextrosol e tinha escrito um livro na época de sua morte chamado "Combater Soccer This Way", que completava seu salário de quinze shillings por semana durante a temporada e doze shillings por semana durante o verão.[40] O livro foi publicado logo após sua morte, com a aprovação da sua família, mas não é catalogado.[43]

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