terça-feira, 2 de março de 2010


Ricardo Teixeira


Ricardo Terra Teixeira (Carlos Chagas, 20 de junho de 1947) é um dirigente desportivo brasileiro, 18º presidente da Confederação Brasileira de Futebol, no cargo desde 16 de janeiro de 1989. Seu quinto mandato consecutivo terminou em 2007, mas foi prolongado, sob acordo, até o final da XX Copa do Mundo FIFA em 2014, que será no Brasil.

Biografia

O jovem mineiro do interior, filho de um bancário, estudava Direito no Rio de Janeiro quando conheceu Lúcia, filha de João Havelange, no carnaval de 1966. Tinha apenas dezenove anos.

Ao nascer seu primeiro filho (1974) fez um agrado ao sogro ao registrá-lo com o nome de Ricardo Teixeira Havelange, colocando por último o sobrenome materno, ao contrário do que determina a lei brasileira.

Teve uma mal-sucedida passagem pelo mercado financeiro, numa sociedade com o pai, o sogro e um irmão.

CBF e Corrupção

Chegou ao comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol também conhecida como Casa Bandida do Futebol[1]), em 1989, onde tornou-se o sr. "Rico Terra",[1] sucedendo Octávio Pinto Guimarães, após derrotar na eleição a Nabi Abi Chedid, presidente da Federação Paulista de Futebol. Encontrou a entidade quase sem condições de arcar com os custos da preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1990, na Itália.

Escândalos atingiriam a gestão de Teixeira, que é marcada por denúncias,[2] com acusações de nepotismo no preenchimento de cargos na CBF, pagamento de viagens para países sedes da Copa do Mundo a magistrados e outras autoridades, importação irregular de equipamentos para sua choperia El Turf, no Rio de Janeiro, após a Copa de 1994, a celebração de contratos lesivos para o futebol brasileiro, em especial com a fabricante de artigos esportivos Nike, omissão das declarações de rendimentos apresentadas nos exercícios de 1991, 1992 e 1993 dos valores por ele mensalmente auferidos, omissão de rendimentos provenientes de atividades rurais nas fazendas Santa Rosa I e II, localizadas no município de Piraí/RJ.[3]

Também deu dinheiro da CBF para campanhas políticas de dirigentes esportivos, com o intuito de manter no Congresso Nacional uma bancada de deputados e senadores para defender a seus interesses (manter-se no controle da CBF, impedir investigações sobre corrupção dentro da CBF), que ficou conhecida como bancada da bola. Com a montagem deste esquema de poder, assegurou suas quatro reeleições.

Em 1998, vê-se envolvido em comissões parlamentares de inquérito na Câmara de Deputados e no Senado Federal, mas, com auxílio de congressistas fiéis, consegue se livrar das acusações. Prestou depoimento em duas CPIs, a do futebol e a da CBF-Nike.[4]

Em 2000, Ricardo Teixeira prestou depoimento na CPI do Futebol. Até 1996 a CBF apresentava lucro. Neste ano assinou um contrato com a Nike de 160 milhões de dólares e a partir de então começou a ter prejuízos, ano após ano. A entidade então tomou dinheiro emprestado de origem duvidosa, pagando juros muito mais altos do que o de mercado, em alguns casos de cerca de 43%. Descobriu-se uma série de empresas suas e de comparsas ligadas a transações irregulares de dinheiro. Afirmou em depoimento na CPI que havia ganhado tanto dinheiro investindo em ações, mesmo sabendo-se que havia falido neste ramo no início de sua carreira. Também prestaram depoimentos Vanderlei Luxemburgo, Eurico Miranda e o empresário J.Hawilla. A Receita Federal autuou a CBF em R$ 14.408.660,80 por dívidas com o Fisco.[4]

Na CPI da CBF-Nike, que contou com declarações de Zagallo, João Havelange e do atacante Ronaldo, Ricardo Teixeira foi acusado por Aldo Rebelo de fazer complô para tentar enfraquecer o trabalho das CPIs, por unir forças com Pelé, que antes o acusava de corrupção.[5] Teixeira prestou esclarecimentos sobre a CBF, atividades pessoais e de suas empresas, como o restaurante carioca El Turf. Em janeiro de 2002, Teixeira obteve liminar da Justiça proibindo a impressão e distribuição do livro "CBF-Nike", de autoria dos deputados Sílvio Torres e Aldo Rebelo. A obra relatava todas as investigações que devassaram seus negócios.[4] Atualmente Aldo Rebelo é amigo pessoal e confidente de Ricardo Teixeira.[6] Está disponível na internet um resumo do relatório final da CPI.[7]

Em 2007, a bancada da bola agiu novamente sob influência de Ricardo Teixeira e de 12 governadores,[8] que previamente foram à Europa à convite de Ricardo Teixeira, por ocasião da escolha do país sede da copa do mundo de 2014, para impedir a instalação da CPMI do Corinthians/MSI, com a retirada de votos a favor da CPMI na última hora. O argumento era que a CPI poderia influenciar na escolha da sede. No epsódio, 71 parlamentares mudaram de opinião, e apenas 3 se justificaram.[9][10][11]

Sobre o epsódio, Juca Kfuri escreveu: "Momento trágico: Nada mais repulsivo que a campanha do presidente da CBF contra a CPMI Corinthians/MSI. E nada mais revelador de quem são alguns parlamentares de todos, rigorosamente todos, os grandes partidos. Daí o "jogo da família" ter sido o do senta, levanta. Elementar."[12] Em seu blog, Juca Kfuri publicou ainda a lista com os nomes dos parlamentares que mudaram seus votos. São 18 parlamentares mineiros e 8 paulistas, entre muitos outros.[8]

Por ocasião da escolha das cidades que receberiam jogos da copa, o apoio político à Ricardo Teixeira esteve ameaçado brevemente. Porém, novamente, a corrupção na CBF não esteve ameaçada.[13]

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que não apoiou o pedido de abertura da CPMI, declarou "Será que teremos de apoiar a CPMI de Corinthians e MSI para que expliquem em Brasília a escolha das cidades?" Numa clara atitude "toma-lá-da-cá".[14]

Vida pessoal

Na vida pessoal, Ricardo Teixeira fez da fazenda Santa Rosa, em Piraí, a 70 quilômetros do Rio, sua base de operações na região. No Rio, o presidente da CBF soma negócios variados, como uma revenda da marca Hyundai, boates e restaurantes.

Separou-se da mulher Lúcia em 1997 e no mesmo ano tornou público um romance com a socialite Narcisa Tamborindeguy . Em dezembro de 2003, casou com a administradora Ana Rodrigues.

Durante sua gestão na CBF, seleções brasileiras, de todos os níveis, conquistaram 11 títulos mundiais e 27 sul-americanos, consolidando a sua hegemonia no cenário mundial. Por outro lado, durante seus cinco mandatos aumentou em muito a êxodo de craques brasileiros para o exterior, nem sempre para os grandes clubes do futebol europeu.

Deve-se ainda a Ricardo Teixeira e a Eurico Miranda (na época, diretor de futebol da CBF), a criação da Copa do Brasil, que propicia a pequenos clubes, alguns de fora dos grandes centros, a oportunidade de aparecerem no cenário nacional.

Ricardo Teixeira é cidadão honorário de vários estados brasileiros, por conta de sua "influência" política.

Planos para 2007

Ricardo Teixeira e o presidente Lula discutem a candidatura brasileira para a Copa do Mundo de 2014.

Em Assembleia Geral realizada em 18 de abril de 2006, dirigentes das 27 federações estaduais decidiram aumentar de quatro para sete anos o mandato do próximo presidente da Confederação Brasileira de Futebol, que será eleito no ano que vem. Embora não tenha antecipado nada a respeito, Ricardo Teixeira continuará como o candidato oficial da entidade. Ele garantiria assim sua presença no cargo até depois da Copa do Mundo de 2014 , que pelo rodízio da FIFA, será realizada obrigatoriamente na América do Sul. O Brasil desponta como país favorito para sediar a competição.

Segundo os autores da proposta, esta medida evitará que, perto da Copa de 2014, Estados pressionem para serem mais favorecidos na hora de escolher as cidades-sedes.

Nos seus primeiros mandatos, Teixeira foi eleito por um colégio eleitoral composto pelos presidentes de federações estaduais. A partir de 2003, também votaram os presidentes dos clubes que disputaram a Série A do Campeonato Brasileiro do ano anterior.

Teixeira é o dirigente que por mais tempo comandou a CBF.

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